segunda-feira, 23 de abril de 2012

Lembranças de Carnaval


Neste carnaval resolvi "me quedar en casa" com a intenção de aproveitar o período para ler algum livro que estava na fila de espera. Tive momentos de grande prazer ao ler "Tróia - O Romance de uma Guerra", de Cláudio Moreno, baseado no clássico Ilíada, de Homero, épico sensacional, que conta as artimanhas e intrigas dos deuses interferindo no destino dos mortais. Por acaso, zapeando o controle remoto da TV, tive a oportunidade de assistir ao programa "Sarau - Especial de Carnaval", com Chico Pinheiro. Que bela surpresa e deleite! Me deparei com o João Roberto Kelly, um dos maiores compositores de marchinhas de carnaval, e o Pedro Ernesto, presidente do Cordão do Bola Preta, bloco carnavalesco que existe há quase um século. Voltei à minha infância e juventude, nos anos 60 e 70. Me vi criança, nas tardes de janeiro e fevereiro, assistindo a TV Itacolomi, emissora mineira, que colocava no ar as novas marchinhas de carnaval. Não perdia um programa da TV Tupi em que o Kelly cantava as suas marchinhas, na maioria das vezes acompanhado por uma encenação artística alusiva ao tema, que nos fazia rir, cantar e dançar. Parecia que o tempo não havia passado, até mesmo pela aparência do João Roberto Kelly e a mesma alegria e descontração de sempre. No decorrer do programa eles relembraram as histórias que inspiraram as músicas e nos brindaram com a execução de várias delas. Como não se lembrar da Mulata Iê, Iê, Iê, que diz assim:
Mulata bossa nova,
caiu no hully gully,
e só dá ela,
iê, iê, iê ... na passarela.
A boneca está cheia de fiufiu,
esnobando as loiras
e as morenas do Brasil.
E de Joga a Chave Meu Amor:
Joga a chave meu amor,
não chateia por favor.
Tô bebendo por aí,
tô sonhando com você, iê, iê, iê ...
E da Colombina Iê, Iê, Iê, da Cabeleira do Zezé, da Maria Sapatão, também de autoria do João Roberto Kelly, tantas vezes cantadas por nós. Em um determinado momento, no recanto do meu quarto, acompanhada do Kelly e banda, começei a cantar e dançar. Me senti uma colombina, linda, livre, leve e solta. Como alguém já disse: "Recordar é viver". Eu vivi bons momentos neste carnaval.       

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Comentário do Filme "Do jeito que ela é"




Assisti ao filme "Do Jeito Que Ela É", indicado por um amigo. Filme fantástico!
Senti vontade de escrever algo a respeito. Moisés Groisman disse: "Família é uma marca a ferro e fogo em cada um de nós." Já Antoine Saint-Exupéry disse: "O amor é o processo pelo qual eu levo delicadamente o ser amado ao encontro de si mesmo". O filme mostra o desajuste de uma família e as idiossincrasias do ser humano. É um prato cheio para análise de um psicanalista. April, uma jovem rebelde, abandonou a família, indo morar em Nova York com seu namorado Bobby, rodeada de vizinhos, cada um com a sua maneira singular de ser. April tinha um pai protetor, que sempre a defendia, uma mãe crítica, amarga e dura, que a desprezava, uma irmã invejosa, ciumenta e certinha, que a depreciava, um irmão cínico e debochado e uma avó alheia aos acontecimentos. Ao preparar um almoço para receber a sua família, querendo mostrar a sua mudança de comportamento e celebrar o dia de Ação de Graças, April se depara com o inesperado. O seu fogão está com defeito. Então ela passa a depender da boa vontade de seus vizinhos ao solicitar o empréstimo do fogão para a preparação de seu almoço. April é recebida com preconceitos e bizarrices, exceção de uma família de japoneses, que vivendo em harmonia, dispõe a ajudá-la sem restrições e julgamentos. É aí que ela mostra toda a sua força, através de seu comportamento e atitudes, não aceitando mais manipulações dos outros. Ao abandonar a sua casa, April assumiu o controle de sua vida, deixando de ser expectadora passiva dos desajustes de sua família, que tanto influenciaram seu comportamento rebelde e compulsivo. Ela se libertou das amarras familiares. Vivendo na simplicidade e leveza com Bobby, ela passa a viver suas emoções sem querer agradar ou desagradar com as suas atitudes e livra-se de suas compulsões. April não tinha respeito e compreensão dos familiares, o que conseguiu na relação com o seu namorado, um grande motor para a sua mudança de comportamento. Ela estava livre para pensar, refletir, sem coação para obedecer. Estava à vontade consigo mesma. No final vemos o congraçamento de April com seus familiares, seu namorado e os vizinhos que realmente a apoiaram. April consegue realizar o que queria: juntar a família e mostrar a sua independência. A brilhante atuação de Katie Holmes mostra toda sua beleza, carisma e talento.